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Quando ser chamada de participante da ‘‘nação da cruz’’ me constrange


Desde que de fato fui convertida á Cristo e percebi o nível da minha depravação, pecaminosidade e muitas vezes em que eu quero fazer o bem e acabo fazendo o mau, isso me assola. (Romanos 7:19)


Mas essa é só uma das muitas situações em que me pego a pensar nisso. Me lembro o quanto chorei desesperada e amargamente ao ver o vídeo dos meus irmãos que foram mortos por serem cristãos, pelo estado islâmico. É nesse momento que o que reflete pra você é exatamente tudo aquilo que você não é, nem está perto de ser. A tal falsa aparência de piedade sem poder algum. Do quanto seu cristianismo é vago, raso, e do quanto você precisa de mais profundidade. Na verdade, que essa profundidade seja lida e interpretada como intimidade verdadeira com Cristo.


Querido/a, olhando pra mim mesma e sabendo que Cristo foi morto por mim e pela Sua graça me justificou, não consigo dizer que faço parte dessa nação da cruz onde muitos morrem a cada segundo, enquanto eu estou no conforto do meu lar com preguiça de ler a Bíblia. Não consigo ser chamada assim, quando vejo o nível de liberdade que o Brasil possui com relação ao Evangelho e eu não o prego da maneira que deveria. Não consigo, ao ver que mal passo meros 30 minutos em oração, enquanto em outros países há várias mortes e perseguições pra que isso seja feito. Não consigo ser chamada assim, enquanto que ainda por alguns minutos o velho homem me tome e eu não consiga sentir compaixão pelo mendigo na rua que necessita de ajuda, e pode até ser meu irmão em Cristo. Sei que não somos diferentes, sei que somos um só, sei que temos o mesmo sangue de Cristo gritando aos nossos pecados: PERDÃO. Mas na minha ignorância, vergonha da situação ou do próximo que esteja passando ao lado, eu passo de largo e ajo igual a parábola do bom samaritano. (Lucas 10-25:37) É nessa hora que por medo do que os outros venham a falar, eu não ajo e aquele papo de querer agradar a Deus e não aos homens vai direto pro ralo. (Gálatas 1:10)


Vergonha? Vergonha eu sinto de mim por todas as vezes que poderia ter agido como uma verdadeira filha de Deus e não faço, seja no meu íntimo ou em público. Vergonha eu sinto da minha covardia, da minha timidez. Não vejo uma participante dessa nação usando da posição salvo e satisfeito. Muito pelo contrário vejo-os lutando pra que almas sejam resgatadas das trevas tanto quanto eles foram. Lutando não contra carne e sangue, mas contra principados e potestades, levando de fato o Evangelho a sério em sua totalidade. Infelizmente já agi assim e tenho tendência a sempre agir dessa maneira, se Cristo não estiver comigo o tempo todo! Tenho pedido pra que Ele me dê a ousadia e coragem de ir onde Ele quer que eu vá, e fale o que for, desde que isso sirva para propagação do Evangelho. Sei o quanto isso pode me custar e sei que provavelmente custará muito para alguém como eu, com todos itens do currículo a serem passados pelas mãos do Oleiro e estando Ele disposto a me aperfeiçoar por meio de Suas provas.


Covardes não fazem parte de uma nação que carrega o nome da cruz e consequentemente as manchas de sangue. Que possamos lembrar que não são nossos auto-títulos, nosso tamanho, ou a idade, que contam quando o assunto é carregar uma cruz... e sim em Deus, que está conosco nos ajudando dia após dia a enfrentarmos aquilo para o qual Ele mesmo nos chamou. Estejamos confiantes de que AquEle que começou a boa obra irá completá-la até o dia de Sua volta gloriosa. Aniquile, ó, Deus, minha covardia e me dê a aptidão e a honra de morrer por Ti, e se possível com Tua Palavra em minha boca!


É muito fácil vestir a camisa e sair nas ruas mostrando pras pessoas que somos cristãos. É muito fácil aderir a uma campanha de rede social e compartilhar fotos e hashtags apoiando. É muito fácil esquentar os bancos de igreja aos domingos, ir a Escola Bíblica, ou pregar com belas palavras, se o que você faz não condiz com suas atitudes. É muito fácil até se compadecer com a situação dos perseguidos e mortos, sejam crianças ou adultos... Mas sabe o que é difícil mesmo? Fazer com que haja mudança em nós mesmos depois de vermos isso e fecharmos a página do Facebook, WhatsApp ou seja lá por onde tivemos acesso a tais vídeos e notícias. Porque é incrível como o constrangimento tende a nos pegar somente nesses momentos e depois parece que nada aconteceu. Realmente acredito que somos a geração fast-food, onde tudo é digerido rápido demais sem sentir o pesar pelas coisas que realmente se devem. Chorar com os que choram se torna bem mais breve do que se alegrar com os que se alegram. Isso é, quando os momentos de compartilhamento de choros existem. Mas os de alegria, ah, eles existem. Porque ninguém quer chorar, não é verdade? Queremos nos dar bem em todas as situações, queremos vitórias, prosperidade e tudo que fuja do confronto e do servir. Como uma frase que já cansei de ver nas redes sociais: “Quem perdeu que chore, eu vou atrás de ser feliz”. São essas pessoas que passam de largo nas atitudes do dia-a-dia, não só com o próximo e depois ainda se dizem a nação da cruz. Deus me livre disso!


Sinceramente, eu preciso de muito, mas muito mesmo, pra que eu possa chegar até lá. E quem aqui já não se achou um super-crente só porque fez algo bom ou porque conseguiu ler a Bíblia toda? São comparações sim, mas infelizmente é impossível não achar pessoas que passaram por isso, inclusive eu. Se faço algo bom, que o crédito seja todo de Cristo, mas se faço algo ruim, a culpa é toda e exclusivamente minha. Afinal, não há quem faça o bem. (Salmos 53:3; Romanos 3:12) Enquanto não reconhecer que sou pó, que necessito de Sua dependência e que sou apenas um ramo diante da Videira que é Cristo, me sinto incapaz de usar qualquer título a meu favor. (Gênesis 3:19; João 15:5) Me conformo então com o que Martinho Lutero disse certa vez: “Não tenho outro nome senão pecador. Pecador é meu nome, pecador meu sobrenome”. (1 Timóteo 1:15)


Peço ao Senhor que me dê coragem e força pra que todos os dias da minha vida, até que Ele venha, me faça continuar sendo participante de Sua Cruz. Mesmo na minha pequenez, que Ele me permita continuar negando a mim mesma. Fácil nunca será, nem tive pretensão que um dia fosse, mas é preciso que AquEle o qual tudo suportou por amor de mim seja meu conforto, proteção, força. Que Ele e só Ele nos conceda a sabedoria vinda do alto, o pesar pelo pecado, o regozijo pelo perdão e graça alcançadas e a sede de estarmos em comunhão com AquEle que breve virá para nos buscar. Lá onde seremos de fato, a nação incorruptível, a nação da cruz!


Orem pela minha vida. Em amor, Sanny Oliveira.


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