top of page

O Senhorio de Cristo

A mensagem do evangelho não trata-se apenas de um chamado aos pecadores para que ‘‘aceitem’’ a Cristo como seu único Salvador, mas trata-se de um chamado ao completo rendimento de suas vidas a Cristo, como único e suficiente Salvador e também como Senhor. Dizer que Jesus é Salvador, mas que não é Senhor – e que portanto não exige obediência – é um completo erro. As escrituras estão repletos de textos que exaltam o Senhorio de Cristo, é que sua mensagem sempre foi um chamado ao render-se a esse Senhorio.


O evangelho implica ser um seguidor de Cristo em sua totalidade. Afirmar que ser um cristão consiste em apenas ter conhecimento e crer em alguns fatos sobre Jesus, é sem dúvidas, afirmar que Jesus morreu por pecadores, e que requer deles uma simples compreensão intelectual, sem exigência de obediência e submissão, que no caso é uma seria distorção do evangelho.


Ter fé em um Jesus que é Salvador, mas que não é Senhor, é portar um cristianismo falsificado e arquitetado pelo próprio indivíduo. As escrituras afirmam claramente que Jesus é Senhor. Afirmam que Ele é Senhor no julgamento, Senhor no sábado e Senhor de todos (At 10:36). Ele é chamado de Kurios 747 vezes no Novo Testamento.


O grande problema da atualidade é que as igrejas e seus líderes contemporâneos estão falsificando a mensagem do evangelho. Chamam pecadores para Cristo, mas afirmam que nada se exige disso. Pois, ter Cristo como Senhor não é parte da mensagem de Salvação, é um espécie de fase 2 do cristianismo. Primeiro deve se caminhar com Cristo Salvador, sem que se negue nada, e depois de uma longa jornada com Cristo é que Ele se torna seu Senhor, daí então é que começa o período de negação. O grande problema nisso é que alguém que caminha com Cristo sem negar-se a si e sem repudiar o pecado, não fará isso depois de um tempo. Além disso, é apresentado uma falsa esperança a esses pecadores. Afirmam que a partir do momento que ‘‘entregaram’’ sua vida a Cristo, eles estão com a salvação garantida, sem que o mesmo, passe a amar e buscar uma vida de santidade. Quanto a isso John McArthur afirma:


‘‘O evangelho que está em voga hoje em dia oferece uma falsa esperança aos pecadores. Promete-lhes que terão a vida eterna apesar de continuarem a viver em rebeldia contra Deus. Na verdade, encoraja as pessoas a reivindicarem Jesus como Salvador, mas podendo deixar para mais tarde o compromisso de obedecê-Lo como Senhor. Promete livramento do inferno mas não necessariamente da iniquidade’’.[1]


Esse tipo de abordagem aos pecadores nada tem a ver com a mensagem proclamada por Jesus e seus discípulos. A diferença entre o evangelho de Jesus e um ‘‘outro evangelho’’ (Gl 1:6) é a diferença entre o bem-aventurado e o maldito, a verdade e a mentira.

Jesus nunca convidou os pecadores para serem salvos, sem exigir uma vida de piedade e retidão deles. Pelo contrário, Ele convidava pecadores e repudiava a hipocrisia religiosa. Isso fica claro em sua declaração: ‘‘Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus’’ (Mt 7:21). Declarar Jesus como Senhor não implica simplesmente uma declaração oral e intelectual (Lc 6:46), mas consiste em uma mudança de vida (Jo 3:5; Mt 3:8; 16:24). ‘‘Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade’’ (Mt 7:22-23). A declaração de Jesus é clara e impactante. Alguém que vive na pratica cotidiana do pecado, e ainda acredita em sua salvação, nada mais é do que um estranho para o Senhor. A declaração de Jesus será: ‘‘Nunca vos conheci; apartai-vos de mim’’.


As Escrituras nunca mencionam alguém fazendo de Cristo seu Senhor, mas Jesus Cristo é o Senhor de todos (Rm 14:9; Fp 2:11; At 10:36) por que Deus Pai assim o fez: ‘‘Saibam pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificaste, Deus o fez Senhor e Cristo’’ (At 2:36). A ordem bíblica não é para que pecadores ‘‘façam’’ de Jesus seu Senhor, mas para que se dobrem diante dele em temor, respeito e submissão. A todos quanto rejeitam seu Senhorio, as Escrituras os consideram incrédulos (1Co 12:3).


Uma certa declaração de Jesus ajuda-nos a compreendermos isso de forma mais clara: ‘‘E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?’’ (Lc 6:46). Ter Jesus como Senhor implica obedece-lo e negar tudo aquilo que satisfaz nossa carne. O simples fato de declarar Jesus Senhor, não garante que ninguém seja um salvo. A única maneira de admitirmos alguém salvo, é pelos seus frutos. O próprio Jesus declarou: ‘‘Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus’’ (Mt 7:16-17).

Existe ainda algumas pessoas que afirmam que a declaração Senhor implica apenas em exaltar a divindade de Jesus. Mas, isso não faz nenhum sentido em alguns textos como por exemplo: ‘‘E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!’’ (Jo 20:28), não faz nenhum sentido dizer que Tomé apenas exaltava sua divindade duas vezes seguida: ‘‘Deus meu, e Deus meu!’’


Apresentar uma mensagem do evangelho que nega a exigência de retidão e abandono do pecado, é sem dúvidas um erro grave, uma distanciação da mensagem de Jesus. Seu Senhorio é parte integral, do início ao fim, da mensagem da salvação. A salvação de pecadores, implica em uma mudança total de vida. Pecadores que antes se rebelavam contra Deus, passam agora a amá-lo, obedece-lo e segui-lo de todo o coração.




[1] John McArthur, O evangelho segundo Jesus, Editora Fiel, p. 20.


Posts Em Destaque
bottom of page