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A perseverança dos santos



“Dou Graças a Deus por tudo que recordo de vós, fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora. Estou plenamente certo de que aquele que começou a boa obra em vós há de completa-la até ao Dia de Cristo Jesus (Filipenses 1:3-6)”.


Esse é um texto que alguns reformados utilizam para tratar sobre a perseverança dos santos. Creio que esse texto é um dos principais para mostrar o que é a perseverança dos santos e como Deus quer que nós pensemos a respeito do sentimento dEle, quando Ele colocou essa perseverança em nós por meio de Cristo. Para isso, vamos analisar o sentimento de Paulo a respeito da cooperação dos filipenses em relação ao evangelho. Como vimos, Paulo estava sempre alegre com eles, suplicando em oração em favor deles, por causa da cooperação deles no evangelho. O texto principal (que é o v.6) é apenas a demonstração da alegria de Paulo aos filipenses por tais atitudes que eles tinham. O que Paulo quis passar para eles era uma confiança e segurança de que Deus ia assegurar-lhes das obras que Ele mesmo começou com os filipenses. Desde o início que Paulo expos a eles o evangelho, até o presente momento da carta eles cooperavam e preservavam esse evangelho de Deus. Logo, no verso 6, Paulo demonstrou alegria e pediu para que eles confiassem em Deus, pois ele iria completa-la até o Dia de Cristo Jesus.


Da mesma forma é a doutrina da Perseverança dos Santos. Deus ao colocá-la nas escrituras e em Cristo, para que os santos tivessem conhecimento e pudessem ser preservados nEle, estava apenas demonstrando para os eleitos a segurança da eleição e salvação em Cristo. Isso é a doutrina da Perseverança dos Santos, a segurança nossa em Cristo Jesus, de que Deus jamais deixará os seus perecerem.


O que é a doutrina Perseverança dos Santos?


É a doutrina que afirma que os eleitos continuarão no caminho da salvação, visto que são assegurados pelo poder de Deus que os salvou e os preservará até o final.


O poder de Deus é a sua graça habitual, ou seja, a graça que faz os santos se santificarem e perseverarem nas escrituras. Devemos entender, antes de tudo, que o caminhar na salvação dos eleitos é assegurado por Deus por meio da fé salvadora. Sabemos que o caminho que Jesus nos preparou, é um caminho estreito e apertado, logo as dificuldades sempre estarão nos arrodeando. O verdadeiro cristão ele cairá, ele pecará, a diferença dele para o ímpio é que ele jamais permanecerá ou se contentará com o estado pecaminoso em que se encontra, ou que se ele cair, Deus o levantará para que continue no Caminho. Uma pergunta que sempre é realizada aos que acreditam nessa doutrina é: Se Deus assegura a minha salvação, então posso pecar à vontade? A resposta para essa pergunta é bem simples. Se Cristo nos lavou pela sua Palavra, nos fazendo novas criaturas (2 Co. 5:17) e Paulo na sua carta aos Colossenses nos exorta a deixarmos as práticas de nossa natureza pecaminosa. Será que a Bíblia afirma que tal cristão pode viver em tal paradoxo? A questão é que tipo de fé tem tal pessoa que pensa dessa maneira? A Bíblia nos ensina dois tipos de fé, uma fé morta e uma fé salvadora. A fé morta é aquela que não possui obras de arrependimento. Já a salvadora possui. Logo, há algum fundamento em tal objeção? Certamente que não. Apenas creio que aquele que assim permanece no estado pecaminoso, permanece sem Cristo em sua vida.


A eleição e a preservação dos santos ocorrem simultaneamente no cristão. Se os eleitos não perseverarem, a eleição eterna de Deus falharia, bem como o sacrifício de Cristo, assim como, se a eleição não ocorresse isso demonstraria que Deus estava dependente da circunstancias humanas para que eles fossem salvos, visto que isso estaria em contraste com a onisciência de Deus.


Antes de analisarmos alguns pontos importantes a respeito da doutrina da perseverança dos santos, devemos combater dois conceitos sobre esse assunto que são claramente vistos em várias igrejas, pentecostais e neopentecostais, que estão totalmente desvirtuados da Palavra de Deus. Primeiro eles ensinam que há a possibilidade de pessoas que exercitaram da fé salvadora e foram genuinamente regenerados em cristo perderem a salvação, ou seja, perecerem no inferno. E para isso eles distorcem alguns versículos, como Sl 69:19-28; Hb 3:6; Hb 6:4-6; 2 Pe 2:20-22. Como já falamos acima, aqueles que se dizem “regenerados”, porém permanece em seu estado pecaminoso, a bíblia nos afirma que eles nunca conheceram a Cristo. Logo, nunca provaram da graça de Deus (1 Jo. 3:24). Segundo eles ensinam que uma simples “confissão” já lhes garantem a salvação, alegando que Deus escreve os seus nomes no Livro da Vida. Esse tipo de ensinamento é chamado de Decisionismo ou fé fácil, pois as pessoas continuam vivendo no pecado, porém a sua “decisão” assegura a sua salvação. Acreditam que a fé salvadora foi gerada em seus corações apenas pela confissão, mas isso está totalmente errado, visto que a fé salvadora faz o crente permanecer nos caminhos de Deus, sem que ele permaneça no pecado (1 Jo. 3:6). A teologia reformada acredita que somos justificados somente pela fé, porém a fé salvadora que sempre é acompanhada de obras (Tg. 2:22). As obras de arrependimento é a forma que o cristão desenvolve a sua salvação (Fp. 2:12; 2Pe. 1:5-11), além disso Paulo nos exorta a provarmos a nossa fé (2Co. 13:5) para que estejamos verdadeiramente em Cristo.


Por fim, vejamos o que a bíblia nos ensina a respeito da Perseverança dos Santos e os seus principais pontos como doutrina.


1º Perseveramos no Caminho, porque possuímos uma aliança eterna - “Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temos no seu coração, para que nunca se apartem de mim (Jr. 32:40)”.

“...aliança eterna...” A nova aliança, a aliança em Cristo no Seu sangue (Hb 13:20). O que a lei não era capaz de realizar em nós, Cristo realizou, a saber, a salvação (Ef. 2:3-5).

“... não deixarei de lhes fazer o bem...” Deus em Cristo preparou pra nós boas obras, para que andássemos nela (Ef. 2:10), mas algumas vezes saímos de seus caminhos, sendo necessário que ele nos corriga (Pv. 15:10). Algumas vezes aquilo que é bom para nós, vindo da parte de Deus, achamos ruim, principalmente quando se trata de correção (Hb. 12:5-8).

“... porei o meu temor no seu coração...” O temor do senhor é o princípio da sabedoria (conhecimento-ACE), ou seja, pra aquele que está iniciando no conhecimento de Deus, temer a Ele é princípio de tudo, por isso que Ele “escreve a Sua lei em nossos corações (Hb. 10:16).

“... para que nunca se apartem de mim...” Aqueles a quem Deus elegeu, Ele selou com o Seu Espírito (2Co. 1:22), para que jamais se apartem dEle e andem por um caminho eterno (Sl. 139:24). Deus nunca disse que não teremos dificuldade ou perigo, por isso Jesus na Sua oração diz: “guarde-os do mal (Jo. 17:15), mas diz que independente das circunstâncias nEle estaremos seguros.


2º Perseveramos no Caminho, porque jamais seremos arrebatados de suas mãos – “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo. 10:28)”. Aqui somos comparados a ovelhas, enquanto Jesus é o Grande Pastor. As ovelhas dEle jamais ouvirão a voz de estranhos (Jo 10:5), porque nEle achamos o que necessitamos (Jo. 10:9).


3º Perseveramos no Caminho, porque somos guardados pelo poder de Deus – “que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo (1 Pe. 1:5)”. O poder de Deus é a sua graça, que sem merecermos recebemos, para vivermos em conformidade com o Seu evangelho e por fim alcançarmos a salvação.


4º Perseveramos no Caminho, porque somos firmados no amor de Cristo – “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm. 8: 35,39)”. Confiamos em Seu amor demonstrado na cruz, mesmo quando éramos ainda pecadores.


CAPÍTULO XVII - Confissão de Westminster DA PERSEVERANÇA DOS SANTOS


I. Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos.


II. Esta perseverança dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo, da permanência do Espírito e da semente de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade.


III. Eles, porém, pelas tentações de Satanás e do mundo, pela força da corrupção neles restante e pela negligência dos meios de preservação, podem cair em graves pecados e por algum tempo continuar neles; incorrem assim no desagrado de Deus, entristecem o seu Santo Espírito e de algum modo vêm a ser privados das suas graças e confortos; têm os seus corações endurecidos e as suas consciências feridas; prejudicam e escandalizam os outros e atraem sobre si juízos temporais.


"Alguns pregam uma doutrina que tem uma porta bem larga, porém é só porta, e quem entra por ela não recebe nada. Não está mais seguro do que estavam quando estavam do lado de fora... Se a salvação é uma coisa permanente e se essa regeneração importa numa mudança de natureza de tal tipo que nunca poderá ser desfeita, quero tê-la. Se a salvação é meramente um artigo banhado a prata e perderá o seu brilho não a quero... Não deixe de comprar uma passagem que valha até o ponto final. Muitas pessoas têm crido em Deus para salvá-las, mas só por algum tempo, enquanto são fieis ou enquanto são sinceras. Creiam em Deus para mantê-los fieis e sinceros durante toda a sua vida, compre uma passagem que valha até o ponto final. Obtenham uma salvação que cubram todos os riscos... Aquele que não pode guarda você para sempre, não pode guarda-los por um dia se quer. Se o poder da regeneração não perdurar por toda a vida, talvez não dure por uma hora."


Por: C. H. Spurgeon - A Perseverança na Santidade.


Referências: 1. Comunhão com o Deus Trino – John Owen 2. http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/434/O_Que_e_a_Perseveranca_dos_Santos 3. A Perseverança na Santidade - C. H. Spurgeon

4. Bíblia de Estudo Genebra 5. Outros.


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